Por Diego Marquete
“Não há nada mais poderoso do que ouvir o som do vento.”
(Daniel Namkhay)
O vento é um elemento na medicina tradicional tailandesa. O fluxo livre de vento pelo corpo é sinônimo de equilíbrio, felicidade e saúde. Sua interrupção ou bloqueio, enfraquecimento ou quebra é sinônimo de desequilíbrio, dor e doença. O vento está dentro dos órgãos e em torno deles, está nos músculos e abaixo da pele, nas nossas artérias, nas sinapses e na condução nervosa de cada neurônio; o vento está na respiração, na voz, em cada movimento do corpo e da mente. O vento é o movimento, dentro e fora.
Percorrendo 72 mil canais que estão distribuídos em nosso corpo, físico e energético, o vento pode ser sentido, manipulado, ouvido pelas mãos treinadas daquele que o toca.
Há vários anos, o mundo da terapia manual foi influenciado por ideias de um indiano chamado Dewanchand Varma. Um médico indiano que afirmava que entre um tecido e outro, havia uma respiração, um movimento. Perceber esta respiração e ajudar os tecidos no seu processo de inspirar e expirar, auxilia o corpo a remover seus bloqueios, liberta o vento estagnado.
Pode parecer poético e abstrato, mas o homem insiste nesta ideia desde longa data. As ideias de Varma, são provenientes dos textos clássicos da medicina indiana e coincidem com afirmações da medicina thai. Estimular o vento, para que ele percorra livremente os canais distribuídos no corpo, é a chave terapêutica.
Quando o vento percorre livremente nosso corpo, tudo é curado. Não existe dor e sofrimento, físico, energético ou mental.
Mas para que o terapeuta possa auxiliar neste processo, ele precisa treinar as mãos. Ouvir a respiração interna de cada tecido e entre eles requer prática, repetição e concentração.
Quando o terapeuta atinge está capacidade de ouvir com suas mãos, cada manobra, alongamento, tração, manipulação, digitopressão são percebidos de forma diferente. Não é mais apenas uma técnica mecânica, isolada em um segmento do corpo, mas sim um enxergar de como todo o conjunto que forma este corpo é estimulado por aquela intervenção terapêutica.
Um estímulo na cervical ou no ombro, um alongamento, um ponto no topo da cabeça, é capaz de estimular o vento até os pés e isso pode ser sentido. Quando esta compreensão é atingida, tudo muda! Como disse o flautista Daniel Namkhay, não há nada mais poderoso do que ouvir o vento. Pratique!
Gratidão. Professor Diego Marques. Por todas as palavras. Que nos traz grandes possibilidades de crescimento. Assim que eu tiver mais recursos quero fazer as aulas. Ser uma terapeuta melhor. Gratidão. Por tudo. Feliz noite.